Postagens

Mostrando postagens de maio, 2024

#41 A redescoberta do mundo, de Thrity Umrigar

Imagem
  (Capa: Victor Burton, Tradução: Regina Lyra) A escrita de Thrity Umrigar é fluida e seus livros, impossíveis de largar antes do final. "A descoberta do mundo" não é exceção. Por não ter lido a sinopse, eu esperava acompanhar nessa história “o reencontro de quatro amigas”, como diz o blurb da edição. Entretanto, a autora vai além e mostra o passado da amizade das quatro mulheres, as diferenças e as circunstâncias para o afastamento delas, suas relações familiares e vidas atuais. Tudo isso fazendo um recorte dentro do panorama político-social da Índia dos anos 70 até o início da década de 2010 (o livro foi publicado em 2012).  Esse romance (e outros da autora) contém ainda referências literárias, cinematográficas e musicais que, quando não conheço, pesquiso, pois costumam adicionar outras camadas de sentido à narrativa. Todos os elementos acima fazem da leitura uma experiência culturalmente rica.  A variedade de "tipos" retratados é mais um dos pontos fortes da esc

#40 Dicas Rápidas: Alice Munro e Natalia Borges Polesso

Imagem
  A contista canadense Alice Munro (Foto: Divulgação/VEJA) Eu tinha outra programação para o post desta semana, mas após o falecimento de Alice Munro, ocorrido na semana passada, eu precisava escrever sobre ela. Havia, entretanto, um problema: eu li a autora pela última vez anos atrás, então como analisar sua obra sem reler? Foi em 2013, quando Munro ganhou o Nobel, que eu soube da existência dela. Sua primeira coletânea de contos que li foi “Fugitiva”. Apesar de ter me esquecido de todos os detalhes, lembro de dois fatos: 1) eu me identifiquei com muitas das personagens das histórias ali contadas e 2) fiquei feliz por ter conhecido mais uma excelente autora canadense. Eu havia sentido certa frustração quando, em uma aula de Literatura e Cultura de Povos de Língua Inglesa, uma professora perguntou à turma quais autores canadenses conhecíamos. Embora já fosse uma leitora compulsiva, eu não consegui nomear um escritor sequer. Naquela aula, conheci o poeta Leonard Cohen e depois, li

#39 Romancing Miss Brontë, de Juliet Gael

Imagem
  (Imagem: Libby Parker) Ficção histórica publicada pela Larousse do Brasil como “Miss Brontë, Um romance” Era uma vez a família do sacerdote anglicano Patrick Brunty. No século XIX, eles viviam num vilarejo em Yorkshire, Inglaterra. Patrick e a esposa, Maria, tiveram seis filhos: Cinco meninas e um menino. Quando as crianças ainda eram pequenas, Maria morreu de câncer.  As três filhas mais velhas foram, uma a uma, enviadas a um colégio interno após a morte da mãe. Lá, tiveram tuberculose e, quando as duas mais velhas, Maria e Elizabeth, morreram, o senhor Brunty decidiu trazer a terceira filha, Charlotte, de volta para casa. Ciente dos maus tratos que levaram ao adoecimento das meninas, o pai decidiu não enviar os outros filhos à instituição. Em casa, eles ficavam sob os cuidados da criada Tabby e aprenderam cedo a ajudarem uns aos outros. Charlotte e os irmãos remanescentes, Branwell, Emily e Anne, gostavam de escrever histórias e poemas desde a infância. Os quatro eram talentoso

#38 Sociedade dos Autores Mortos

Imagem
Paul Auster: a cara marota de quem escrevia livros fodásticos Foto: oantagonista.com.br Quem acompanha minhas leituras já sabe que adoro obras de gente morta . Creio que parte do motivo é o fato de eu ser frequentadora de bibliotecas , local em que moradores do Além costumam abundar. Faz menos de uma década que comecei a mudar, de forma consciente, esse hábito e a ler mais da produção contemporânea. Porém, ao saber do falecimento de Paul Auster na semana passada levei um susto. Eu não pude evitar a mesma sensação ruim que tive ao saber da morte de Gabriel García Márquez. Há 10 anos, meu primeiro pensamento ao ouvir a notícia foi “nunca mais teremos um livro inédito de Gabo”. Isso mudou há pouco tempo , mas com a minha má vontade de ler um romance inacabado, por enquanto mantenho a imagem de 2014. Voltando ao autor norte-americano, sua morte me fez querer registrar meu apreço por seu trabalho. Apesar de eu tê-lo lido pouco, no meu coração de leitora Auster tem seu lugar garantido ao lad