#40 Dicas Rápidas: Alice Munro e Natalia Borges Polesso

 

A contista canadense Alice Munro

(Foto: Divulgação/VEJA)


Eu tinha outra programação para o post desta semana, mas após o falecimento de Alice Munro, ocorrido na semana passada, eu precisava escrever sobre ela. Havia, entretanto, um problema: eu li a autora pela última vez anos atrás, então como analisar sua obra sem reler?

Foi em 2013, quando Munro ganhou o Nobel, que eu soube da existência dela. Sua primeira coletânea de contos que li foi “Fugitiva”. Apesar de ter me esquecido de todos os detalhes, lembro de dois fatos: 1) eu me identifiquei com muitas das personagens das histórias ali contadas e 2) fiquei feliz por ter conhecido mais uma excelente autora canadense. Eu havia sentido certa frustração quando, em uma aula de Literatura e Cultura de Povos de Língua Inglesa, uma professora perguntou à turma quais autores canadenses conhecíamos. Embora já fosse uma leitora compulsiva, eu não consegui nomear um escritor sequer. Naquela aula, conheci o poeta Leonard Cohen e depois, li e me apaixonei por Margaret Atwood.

Voltando a Alice Munro, dela li também “Ódio amizade namoro amor casamento” e “Amiga de juventude”. Portanto, ela não foi apenas (ou pelo menos não totalmente) um hype que passou em minha vida. Lembro de que planejava ler outros livros da autora mas acabei não colocando em prática, so many books, so little time, vocês sabem.

Com a notícia da chegada de Alice Munro na Sociedade dos Escritores Mortos, pelo menos pude me alegrar por tê-la lido em vida. E tive de vir aqui contar que, apesar da memória imperfeita, eu sei que as histórias da autora merecem ser lidas. Portanto, se você, fã de boa literatura, ainda não as conhece, pode muito bem mudar isso.

Enquanto pensava se mesmo sem conseguir fazer uma análise mais aprofundada dos livros de Munro (pelos motivos que já expliquei) eu seria capaz de motivar alguém a lê-la, ouvi neste podcast um lembrete de que há outra contista incrível, dessa vez brasileira, pouco lida por mim e que merece ser mencionada. 


(Capa: Samir Machado de Machado)


Natalia Borges Polesso escreveu “Amora” (que li na edição original, mas recentemente ganhou uma especial). Os contos desse livro foram responsáveis por uma mudança de paradigma na minha leitura (até então quase inexistente) de obras LGBTQIA +. É um livro recheado de personagens tridimensionais e narrativas lindas.

Também de Polesso, o romance “A extinção das abelhas” está me esperando para ser lido. O farei no momento certo. O enredo, de acordo com comentários de quem leu, tem algo a dizer sobre catástrofes climáticas. 

Tanto Natalia quanto Samir, responsável pela capa de “Amora”, são gaúchos. A editora Dublinense, que o publicou, idem. Aliás, fica a sugestão de conhecer esse e outros trabalhos de artistas do Rio Grande do Sul e ajudar neste momento em que moradores do estado necessitam tanto. 

Finalizo com uma reflexão. Comecei o dia com uma ideia fixa apesar de desestruturada e o termino com uma postagem singela, porém afetiva. Achei curiosa a conexão forçada forjada entre Alice e Natalia pelas minhas células cinzentas. Taí a literatura promovendo encontros anímicos e criando sentidos ❤️

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