#28 É sempre a hora da nossa morte amém, de Mariana Salomão Carrara
(Capa: Cristina Canale e Romulo Fialdini) Após ser encontrada vagando por uma estrada, chamando por Camila e segurando uma coleira vazia, Aurora foi levada a um lar para idosos. Ela não se lembra onde mora, quem é Camila e sequer tem certeza de seu próprio nome. As lembranças de Aurora, apesar de repletas de detalhes e aparentemente coerentes, são contraditórias. Em algumas delas, Camila é sua melhor amiga. Em outras, sua filha. Em alguns momentos, ela diz não ser mãe. Ao anotar os pontos repetidos nos diferentes relatos, como sua aversão por sequilhos, o fato de que na juventude dirigia um fusca e sua predileção pela idade de 40 anos, a assistente social Rosa procura montar o quebra-cabeça da vida da idosa e descobrir quem ela de fato é. Pelo convívio com minha avó portadora da doença de Alzheimer, eu tinha receio de que essa leitura seria dolorosa, mas Mariana Salomão Carrara me surpreendeu com seu humor irônico ao criar uma protagonista que, mesmo não se lembrando de fat...