#26 Bom dia, tristeza, de Françoise Sagan
(Capa de A2 e Mika Matsunake, Tradução de Siei Maria Campos)
Cécile tem 17 anos e passa uma temporada na costa do Mediterrâneo com seu pai, Raymond. Ela afirma logo no início de sua narrativa que “era perfeitamente feliz”. E não é à toa ‒ pai e filha bon vivants passam dias e noites nadando, comendo e bebendo do bom e do melhor e curtindo os respectivos namorados da vez. Quando Raymond anuncia que Anna, amiga da falecida esposa, está para chegar, Cécile prevê acertadamente que o clima das férias de verão está prestes a mudar.
Várias passagens de “Bom dia, tristeza” me lembraram livros de F. Scott Fitzgerald. No romance francês, entretanto, eu me senti dentro da cabeça dos personagens dos loucos anos 20. No relato de Cécile é possível ver de perto o quão irresponsáveis e desatinados os ricos podem ser apenas pelo fato de poderem pagar pelas próprias extravagâncias. A única a refutar o estilo de vida tresloucado da dupla é Anne. Diante de tantos excessos dos outros, a sensatez dela parece extraordinária. Portanto, é natural que a jovem Cécile se rebele. A relação entre as duas e as “brincadeiras” que a adolescente faz me envolveram e levaram a história por caminhos inesperados.
A narrativa é dividida em capítulos de tamanho parecido. Na minha opinião, isso indica que, apesar da linguagem simples e direta, a obra foi trabalhada de maneira intensa. Eu leria mais da autora, embora, pelo que vi, seus livros só estejam disponíveis no Brasil em sebos virtuais. Por esse motivo, creio que seu sucesso por aqui tenha acontecido pela febre que “Bom dia, tristeza” se tornou quando lançado.
Uma de minhas manias de leitora é sempre reler o parágrafo final de um capítulo antes de iniciar outro. Às vezes volto e releio alguns dos anteriores também. Fazer isso com “Bom dia, tristeza” foi especialmente útil e interessante, pois a delicadeza de Françoise sobressai na releitura. Assim pude me aprofundar em cada reflexão sobre atitudes e consequências que ela traz.
E agora, ao folhear o livro mais de um mês após concluir a leitura, percebo que a frase inicial do romance explica bem o significado do título. Talvez eu, assim como Cécile, não absorvi imediatamente a gravidade dos acontecimentos. Aos meus olhos, essa foi uma história que cresceu no decorrer do tempo.
Recomendo para quem gosta de narrativas breves (a edição que li tem 108 páginas) e impactantes.
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