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Mostrando postagens de abril, 2024

#37 Minha história, de Michelle Obama

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  (Capa: Christopher Brand. Tradução de Débora Landsberg, Denise Bottmann e Renato Marques) “Cresci com um pai incapacitado numa casinha pequena, sem muitos recursos, num bairro que ensaiava a decadência, e também cresci rodeada de amor e de música numa cidade múltipla, num país onde a instrução pode nos levar longe. Eu não tinha nada, ou tinha tudo ‒ depende de como você queira contar essa história”. (pg. 428) O trecho acima resume bem as memórias de Michelle Obama. O que mais me cativou nesse livro foi a simplicidade. Sem exagerar no apelo dramático, Michelle narra o seu crescimento sendo caçula de dois filhos de uma família pobre de Chicago. Ela  conta como a estabilidade e a união familiares a ajudaram a estudar, tornar-se advogada em uma grande firma e, mais tarde, envolver-se em causas de apoio ao bem-estar social. Entre essas atividades, teve também a parte famosa de sua trajetória: tornar-se a esposa daquele que viria a ser o primeiro presidente negro dos EUA. L

#36 Quem tem medo dos clássicos? + Cinco dicas rápidas

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  Imagem: Pinterest Uma das minhas leituras atuais é “Dom Quixote” ou, com nome e sobrenome, “O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha”. Sei lá por que “os antigos” gostavam de títulos tão ou mais longos do que esse, mas é o da edição que estou lendo ). Os clássicos são incontornáveis na bagagem de qualquer leitor assíduo e eu, que desviava do engenhoso fidalgo há anos, decidi que este era o momento de encará-lo. Aí aconteceu algo comum nesses casos: descobri que a leitura não é difícil nem tão arrastada quanto eu temia.  Um dos pontos nos clássicos que costuma repelir leitores é a linguagem, às vezes rebuscada. No caso de “Dom Quixote”, publicado em 1605, a forma como Cervantes se expressa é, obviamente, bem diferente da usada hoje, mas existem as notas de rodapé para ajudar com a compreensão (e com a contextualização histórica). Além disso, como explica essa estudiosa da obra de Cervantes , a história do cavaleiro da triste figura é interessante para pessoas de todas as id

#35 Contos indígenas brasileiros, de Daniel Munduruku

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  (Capa: Eduardo Okuno e Maurício Negro) Sabia que o povo Kaingang tem uma história intitulada “Depois do dilúvio”? Mesmo ciente de que mitos fundadores se repetem (com variações, claro) em diferentes culturas, antes de ler “Contos indígenas brasileiros” eu não conhecia essa versão da narrativa lembrada entre nós, ocidentais, como uma das mais populares do cristianismo. Sempre que ouço algo a respeito de homogeneização cultural, me lembro de uma entrevista (que me esqueci em qual veículo aconteceu) com o intelectual indígena Ailton Krenak . Ele aponta que muitos defendem discursos de igualdade entre povos quando o ideal seria reconhecermos nossas diferenças, aprender a respeitá-las e conviver com elas de maneira mais pacífica. No início de uma história Nambikwara presente em “Contos indígenas brasileiros”, chamada “A pele nova da mulher velha”, todos se afastam da protagonista por causa da sua idade avançada. Ao lê-lo, me lembrei da fala de Krenak e refleti que, por maiores que sejam

#34 Revolução das plantas, de Stefano Mancuso

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  (Ubu Editora. Tradução de Regina Silva. Capa de Andrés Sandoval) Apesar do título, “A revolução das plantas” não tem nada a ver com o clássico de George Orwell . Botânico, professor na Universidade de Florença, fundador do Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal (LINV) e um dos responsáveis pela estufa flutuante Jellyfish Barge ‒ tecnologia que permite produzir vegetais apenas com a utilização de água do mar ‒ Stefano Mancuso me surpreendeu nesse livro de divulgação científica. Um dos pontos para os quais ele chama a atenção deveria ser óbvio: um dos recursos indispensáveis à vida humana é o oxigênio. Esse é o motivo pelo qual pesquisas espaciais incluem maneiras de cultivar plantas em outros planetas. Mesmo assim, aqui na Terra, insistimos em ignorar a importância delas. Como em outros campos (na política, por exemplo), o óbvio precisa ser relembrado e reforçado constantemente. Mancuso vai além das obviedades quando detalha características dos vegetais que eu, at

#33 Lendo vários livros ou "Biting more than I can chew"

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  “Tantos livros, tão pouco tempo” (Imagem: allauthor.com ) No momento em que escrevo este post, estou lendo sete livros (pausa dramática para você pensar o que quiser e quiçá me julgar). Eu, claro, acho ótima a prática de bite more than I can chew (“morder mais do que consigo mastigar”) e, portanto, quis escrever a respeito. Mas falar do assunto é contar também que, por incrível que pareça, eu não nasci com essa capacidade. Já falei um pouquinho sobre abandonar leituras , que foi um ponto de virada na minha vida de leitora. Antes de adquirir a habilidade de tocar o fo#@-se para livros (ou filmes, ou séries) que me desagradam, eu era uma pessoa que terminava cada leitura antes de iniciar uma nova. Até que o ingresso na faculdade bagunçou minha pacata rotina de leitura. Entre os muitos textos e livros obrigatórios, aos poucos fui me acostumando a separar os conteúdos, de estudo e de lazer, “em caixinhas” e, ao mesmo tempo, relacioná-los. Ou seja, fui aumentando o meu repertório.