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Mostrando postagens de outubro, 2023

#11 “Síndrome de Estocolmo em Leitores"

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  Pinterest “Dsclp, Holden, não foi o que aconteceu quando li a sua história” Uns anos atrás, li em algum lugar agora perdido na blogosfera um texto sobre o que o autor chamou “Síndrome de Estocolmo em Leitores". Ela seria uma sensação de que deveríamos amar determinado livro, em geral porque ele é um clássico, um best seller ou um sucesso de crítica, e o quanto nos sentimos mal ou, no mínimo, estranhos quando esse amor não floresce. A suposta síndrome, é, além de uma provocação, claro, também uma inversão do que acontece na síndrome real . Mesmo assim, o conceito nunca mais me saiu da cabeça e de vez em quando algumas leituras entram para essa categoria nas minhas listas mentais. Meu primeiro assim foi “O apanhador no campo de centeio”, de J. D. Salinger. O li aos 12 ou 13 anos e terminei me perguntando “por que isso aqui é considerado um clássico?” Como eu não conhecia mais ninguém que tivesse lido o romance e na época nem existia internet pessoal no Brasil para facilitar

#10 O senhor do vento, de Gabriel Réquiem

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  (Draco) Se agora em outubro você, assim como eu , leu pouco dentro da temática de Dia das Bruxas (no meu caso, apenas um livro ) mas, agora que o mês está acabando, decidiu ir atrás disso porque sim, vem ver essa dica inusitada. Alguns meses atrás, baixei o ebook grátis de “O senhor do vento” na Amazon (ele ainda está disponível dessa forma, pelo menos no Kindle Unlimited) e me esqueci dele, até que uma outra leitura de horror “deu errado” (provavelmente falarei mais desta em outro post) e eu, procurando por uma história curta para dar volume à lista temática, encontrei o esquecido Gabriel Réquiem. O conto fala de um menino, Zezinho, que, na fazenda da família, um dia encontra entreaberta a porta de um “quarto proibido”, em geral trancado, e, claro, vai xeretar. Lá, ele encontra alguns objetos e uma história aterrorizante do passado de um tio. E é só isso o que posso dizer sobre a trama sem estragar a leitura. Encontrei alguns problemas de ortografia no texto, mas nada que ch

#9 O mito da beleza, de Naomi Wolf

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  (Rosa dos Tempos, Tradução de Waldea Barcellos)      Passei mais de um mês lendo esse clássico da literatura feminista e, durante boa parte do tempo, eu sabia que queria fazer isto mas me perguntei o que escreveria sobre uma obra tão repleta de reflexões e que grifei de maneira incansável. Aqui estão as minhas impressões. A edição que li, de 2018 (o livro foi publicado originalmente em 1991), possui uma apresentação escrita em 2015. Nesse capítulo, homônimo ao livro, a autora explica o “mito da beleza”, que, de maneira bem resumida, refere-se a como o conceito de “beleza ideal” hoje vigente é irreal, por ter sido artificialmente criado para enfraquecer politicamente nós, mulheres e, de maneira mais óbvia, vender produtos e procedimentos cosméticos e assim sustentar um mercado altamente lucrativo. Depois dessa apresentação e de uma introdução (de 2002), em que a autora fala da comprovação de algumas ideias levantadas por ela na primeira edição e de alguns avanços alcançados no inter

#8 Gay de família, de Felipe Fagundes

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(Paralela) O protagonista, Diego, há tempos tem péssimas relações com sua família religiosa e homofóbica. Num final de semana, seu irmão Diogo implora que ele tome conta dos três sobrinhos para ele e a esposa, Keila, viajarem para um retiro de casais. Diego, que, tamanho o seu afastamento da família, nem sabia quantos sobrinhos tinha ao todo, acaba cedendo ‒ não sem interesse, mas leia o livro para saber o que finalmente o convenceu! ‒ e o desenvolvimento da relação que ele vai estabelecer com as crianças a partir daí é algo muito gostoso de acompanhar. Uma das coisas mais interessantes que um autor de ficção pode fazer, na minha opinião, é criar protagonistas humanos, ou seja, complexos, cheios de defeitos e qualidades em proporções desiguais, pessoas que erram, acertam, erram, erram, erram e estatisticamente em algum dia desses devem acertar de novo, sabe? Diego é assim e mesmo com sua tendência ao drama, é alguém cativante por ser tão autêntico. Ester, Miguel e Gabriel são crianças

#7 A noite das bruxas, de Agatha Christie (releitura)

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Editora Record Agatha Christie é uma de minhas escritoras favoritas da vida. Ainda tenho nítida na memória a primeira vez em que li “Assassinato na casa do pastor” numa edição antiga e bem charmosa, em capa dura, pelo Círculo do Livro, emprestada na biblioteca da escola. Eu tinha uns onze ou doze anos e, já fã de filmes de suspense, achei o máximo aquela história envolvente e engenhosa que só se resolve no finalzinho do livro. Desde então, li inúmeros romances da Dama do Crime e, vez ou outra, revisito alguns deles anos depois, quando já esqueci a resolução de alguns dos mistérios. Posso dizer que permanece o meu fascínio pela eficiência da escrita, com tramas curiosas, intrincadas e ao mesmo tempo econômicas. Aproveitando a modinha do lançamento do novo filme dirigido por Kenneth Branagh  (interessante, apesar de apenas brevemente inspirado no livro) , ouvi (aqui) uma antiga edição de “A noite das bruxas”.  O romance se passa em um vilarejo no interior da Inglaterra onde a famo