#3 Como se vingar de James, de Jane Fallon


(Record, Tradução de Marilene Tombini)

    Um dos principais motivos do meu interesses renovado em chick lit (detesto o termo, mas o uso, por falta de um melhor, para classificar os romances com protagonistas do sexo feminino e que contêm altas doses de humor) é o fato de eu ter recentemente lido A room of one's own (traduzido como “Um teto todo seu” e “Um quarto só seu” dependendo da editora), da Virginia Woolf, que amei, por sinal. Mas hoje vim aqui falar do romance de Jane Fallon, que é também uma produtora de TV britânica.

    Os três personagens principais são Stephanie - uma personal stylist, mãe de um menino de sete anos, Finn, e até então supostamente "bem casada" com o salafrário James . "A outra", Katie, é uma "acupunturista e massagista com especialização em aromaterapia" zen e crédula, pois jamais desconfiou que seu namorado ainda fosse casado. James é um veterinário que se aproveita do fato de trabalhar em Londres ‒ onde vive com a família ‒ e ter sua própria clínica no interior ‒ onde mora metade da semana com Katie ‒ para seguir adiante com sua vida dupla e não se comprometer de fato com nenhum dos dois relacionamentos. Até o dia em que Stephanie visualiza uma mensagem no celular do marido assinada por "K" e decide investigar. 


    Creio que isso é tudo que se precisa saber para decidir se quer ler esse livro ou não. Mais informações podem tirar um pouco da graça (tragicômica, eu diria) da sua leitura.


    Como costuma acontecer nos bons livros do gênero, o humor e as situações improváveis são os veículos que a autora usa para falar de temas sérios e pertinentes como relacionamentos humanos, carreira, expectativas e autoanálise. Do meu ponto de vista, Jane Fallon dá um passo além, pois utiliza também situações factíveis e besteirol em doses equilibradas. Isso facilitiou para mim as reflexões a respeito dos temas tratados, pois, por mais leveza que eles possam aparentar na superfície da trama, há sempre um contraponto mais realista. Eu não me entediei nem tive de fazer muitas concessões, como muitas vezes acontece em outros chick lit.


    A única ressalva que faço é sobre o final da personagem Katie, de quem gostei bastante (aliás, outra coisa que a Jane conseguiu foi suscitar o espírito de sororidade em mim com relação às amantes dos seus personagens masculinos). Achei que o final dela ficou incompleto ‒ não é o mesmo que final "em aberto", destes eu até gosto ‒ e aquém do que merecia.


    Também da Jane e também ótimo, eu já havia lido “Como me livrar de Matthew”. Até onde sei, esses foram os únicos romances da autora traduzidos no Brasil. Talvez falta de um bom plano de marketing para divulgar a obra dela por aqui? Uma pena, mas os dois têm capas de gosto duvidoso, principalmente este último, e eu só os encontrei por acaso. “Como me livrar de Matthew” (Getting rid of Matthew, no original), peguei emprestado com uma amiga e Como se vingar de James (Got you back), comprei em um quiosque de livros promocionais. Fico feliz de tê-los encontrado de qualquer forma e provavelmente lerei mais livros dessa autora no futuro.


Recomendo para fãs de chick lit cansados de enredos inverossímeis.

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