#61 Dica dupla: Natal gay brasileiro?
Inspiração para árvore de Natal brasileira
Foto de espacocasa.wordpress.com.
(O site tem outras boas ideias. Gosto da árvore de caixas de ovos e da de abacaxis <3)
Há meses coletei algumas histórias e as guardei para ler nesta época do ano. Meu plano, caso elas me agradassem, era compartilhá-las com vocês.
Hoje trago boas novas: duas narrativas natalinas bem diferentes uma da outra e que podem ser boa companhia quando o bode das confraternizações da firma e das festas em família chegar.
(Paralela)
Felipe Fagundes escreveu mais uma história com os personagens de “Gay de família”. Desta vez, Diego recebe visitas de seus três sobrinhos personificando os espíritos do Natal passado, presente e futuro, numa recriação do clássico (chato) de Dickens.
Além do quentinho no coração sem pieguice que o final da história me proporcionou, o humor predomina na narrativa. “Ninguém deu a mínima para a bicha em posse de uma faca” e “Quinhentas e vinte formas de um viado destruir o Natal” são os títulos impagáveis de dois dos sete capítulos.
Recomendo para quem, como Diego e eu, revira os olhos ao avistar o marketing do “espírito de Natal” no horizonte (cada vez mais cedo, diga-se de passagem).
No momento, vivo uma paixão pela escrita da velha nova autora Júlia Lopes de Almeida. Velha porque ela publicou no final do século XIX e meados do XX. E nova para mim, já que este ano a li pela primeira vez.
Integrante do “Livro das donas e donzelas”, publicado em 1906, “Natal brasileiro” fala das noites quentes de verão, das roupas usadas na ida à Missa do Galo, dos pratos “simplesmente abomináveis” (alguém aí leu “tudo com passas”?) e da necessidade de parar de copiar os gringos. O final da história dá uma romantizada na época, mas pode agradar quem insiste em acreditar em Papai Noel e eu relevo porque o resto dela é bom.
O estilo de Júlia é acessível e um excelente exemplo da importância de resgatar obras antigas de mulheres intelectuais em terra brasilis.
A prolífica obra da autora está em domínio público e pode ser encontrada, entre outros lugares, na BibliON. É possível ler e ouvir o conto de hoje, ao gosto do freguês.
Recomendo para todo mundo. E não só esse conto, mas os romances e as crônicas da autora também.
Que as festas de quem vai celebrar sejam boas; e o descanso de que vai fazer uma pausa, idem ;)
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