#23 Minhas bibliotecas

Imagem: istockphoto.com

Por ser uma leitora voraz que passou a infância numa casa sem livros (assunto para outro post), eu sempre fui assídua frequentadora de bibliotecas. Primeiro somente nas escolas em que estudei. Depois, na adolescência, num bairro próximo de onde moro. Aqui, leia-se “uma hora de caminhada, ida e volta” que eu fazia alegre, pois o acervo em questão continha muitas Agatha Christies, Sidney Sheldons e clássicos com que eu estava me familiarizando na época, como o escandaloso “O crime do padre Amaro”. 

Já adulta e passando horas no transporte público de São Paulo para ir ao trabalho e voltar dele, fiz leituras das quais tenho ótimas lembranças (oi, Marian Keyes, Válter Hugo Mãe e Nick Hornby!) pelo extinto Embarque na Leitura. Nessa época, teve também a biblioteca de uma instituição que frequentei e onde li obras sobre misticismo e espiritualidade, pois era então a minha vibe e a do lugar.

Teve outro projeto da prefeitura, o De Mão em Mão, cujo catálogo era limitado, mas me proporcionou a leitura de “A Nova Califórnia e outros contos”, de Lima Barreto, e de "Os fantasmas da São Paulo antiga", de Miguel Milano.

Já há alguns anos eu faço empréstimos de uma das maravilhosas carretas do projeto itinerante BiblioSESC. Lá sempre tem novidades, clássicos, HQs e graphic novels e alguns autores “cult” (Jun’ichiro Tanizaki e Igiaba Scego por exemplo), ou seja, uma grande variedade. É uma biblioteca viva e linda de ser vivida!

Desde os primeiros caraminguás da adolescência, passando pelos salários de jovem adulta, por presentes de amigos, sebos e febres de feiras e sites com descontos, fui construindo meu acervo. Eu nunca cheguei a contabilizar, muito menos catalogar todos os títulos, mas considerando que doei mais de 200 volumes no primeiro grande desapego que fiz quando "Mariekondonizei" a minha casa em 2022, posso dizer que construí do zero uma biblioteca de tamanho considerável.

Desde então, comprar menos objetos tem sido prioridade para mim. Isso se aplica em especial aos meus queridos ‒ porém grandes, pesados e potencialmente cheios de pó ‒ livros. Então surgiu um novo desafio, o de encontrar novas maneiras de ler os desejados do momento sem entupir a casa de volumes outra vez.

Por volta da época da “Mariekondonização” de casa, surgiu a excelente biblioteca online BibliON. Além do grande e diversificado acervo, ela oferece uma vasta programação cultural com clubes de leitura, bate-papos online com autores, oficinas e podcasts. Eu ainda não participei de todas as atividades, mas posso dizer que só pelo imenso catálogo já vale muito a pena ter o aplicativo (gratuito, por sinal). Foi ele quem me ajudou a quebrar o tabu de ler no celular, coisa que até então eu achava desconfortável, mas depois me habituei com ele e outros aplicativos que oferecem uma experiência muito parecida com a de um leitor digital. 

Entre as opções ainda não lidas na minha estante e no leitor digital, a BiblioSESC e a BibliON, estou sempre lendo no mínimo uns cinco títulos por vez. E nunca faltam novas leituras em vista. A lista de “Quero ler” dentro da BibliON, por exemplo, deve ter mais de 20 títulos, pois assim que encontro lá algo que me interessa, incluo logo para empréstimo futuro. Fora listas paralelas, que faço como se não houvesse amanhã, já que na verdade não há-á-á. Ou melhor, em algum lugar do meu subconsciente eu devo achar que terei infinitos amanhãs e, portanto, tempo suficiente para ler tudo o que desejo.

    De vez em quando, mas bem de vez em quando mesmo, surge um livro que não encontro para pegar emprestado mas quero ler imediatamente. Aí, sim, eu o compro. Com frequência, sou presenteada com livros e, claro, esses vão para a minha biblioteca pessoal, embora só permaneçam os de que gostei muito e pretendo reler. Também costumo pegar livros emprestados com pessoas queridas e emprestar outros tantos. Amo, respiro, sou biblioteca!

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