#51 Sobre ler vários livros, Parte 2

 

(Foto: Depositphotos.com)

Compartilhar meus achismos sobre o que leio era um desejo antigo, da época em que blogs faziam sucesso e as redes sociais da moda eram outras. Publicar meu post de número 50 me deixou muito feliz. Finais de ciclo e números redondos costumam mexer com a gente e nesse meu marco pessoal não foi diferente. 

Porém, há algumas semanas tenho sentido fadiga mental. Refletir sobre os motivos (que não incluem excesso repentino de trabalho nem problemas maiores que a média da vida adulta) me fez concluir que a razão para o cansaço é a mesma que acomete muita gente nos dias atuais: excesso de informação.

Nas últimas férias não viajei, então decidi fazer um curso cujo material ainda não esgotei. Também terminei a leitura de “Dom Quixote” (um pouco sobre ele aqui e aqui) mas ainda estou estudando a obra num curso excelente da Yale University (se você pretende ler ou reler o Quixote, eu recomendo muitíssimo como material de apoio).

Juntando essas atividades às leituras e ao fato de que  costumo fazer tarefas domésticas acompanhada por um podcast ou vídeo, eu tô tipo a Michelle Yeoh em “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”:



Sim, coleguinhas, apesar de eu exaltar o piriguetismo literário (termo cunhado por uma amiga e roubado por mim na cara de pau), preciso admitir que terapeutas sérios e fajutas, coaches e influenciadores de saúde mental tem razão: às vezes nossa cabeça cansa de tanta coisa num intervalo curto de tempo.

Acho que faz sentido eu vir aqui lembrar do óbvio, pois ele pode não ser óbvio para todo mundo. Para mim, por exemplo, não estava sendo desde que comecei a publicar meus textos “de livros e da minha relação com eles”. Além de seguir com o hábito de ler tudo o que me desse vontade, eu enfiei na cabeça que preciso escrever sobre o assunto to-da-se-ma-na. Só que adivinha? Eu não preciso. Leio e escrevo por prazer para vocês três 🤡. E mesmo que tivesse um grande público leitor, né? Acho que a humanidade seguiria em frente numa boa se minhas dicas e reflexões de leitura fossem mais espaçadas.

Escrever semanalmente foi ótimo para adquirir o hábito e vencer a timidez de mostrar meus pensamentos literários por aí. De alguns textos, gosto mais e de outros menos, e isso é natural. Mas ando a fim de gostar mais do que escrever daqui para frente.  

Pelos motivos citados, declaro por meio desta que a partir de agora a frequência de publicação aqui vai ser outra. “Qual?” - Vocês me perguntam e eu respondo: ainda não decidi. Mas don’t cry for me, fieis leitores. Atualmente estou lendo seis livros, dos quais quatro têm potencial para ganhar resenha ou pelo menos uma menção honrosa. Então não é um adeus, só um até logo 🙂

Enquanto eu não volto, fiquem com dicas rapidinhas e variadas. São algumas das minhas leituras atuais que acho que podem vos agradar:

  1. A ilha do tesouro, de Robert Louis Stevenson (Tradução de Samir Machado de Machado): Classissíssimo, como diria Chaves. E ainda é um livro de aventura gostosinho, bom para descansar a mente sem deixar de ler. A edição da Antofágica, além de linda como sempre, tem notas concisas explicando os muitos termos náuticos.

  2. Nomadland: Sobrevivendo aos Estados Unidos no século XXI (Tradução de Ryta Vinagre): Trabalho jornalístico muito bem feito por Jessica Bruder, que entrevistou, viveu e trabalhou ao lado de centenas de “nômades modernos” para contar suas histórias. Eles são,  em sua maioria, idosos que perderam as economias e casas na crise econômica de 2008 e anos depois estão vivendo em vans e viajando pelos EUA em busca de bicos para sobreviver. Fascinante e revoltante na mesma medida.

  3. “Esboço”: Por meio de diálogos, a britânica Rachel Cusk trata de questões filosóficas que me exigem tempo para elaborar. Está sendo uma leitura incrível, porém lenta. Se quer um livro fininho mas de conteúdo profundo, essa leitura é para você também.


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