#62 Melhores leituras do segundo semestre de 2024
Antes da lista de livros, preciso dizer que 2024 foi o ano em que eu mais li newsletters. Elas me acompanharam em salas de espera, em trajetos variados e nos intervalos do trabalho. Eis as minhas favoritas:
A Brasis tem uma curadoria jornalística diversa.
OU OU OU da Daniela Falcão, uma autora que adorei conhecer em 2024. As crônicas da Dani são boas para dar leveza aos dias.
Uma História em Todo Lugar, da Deborah Fortuna, traz reflexões sobre vida e escrita.
O Puxadinho do Luri sempre tem um texto belíssimo.
Li também diversos contos no ano passado. Muitas vezes, consumi o gênero em podcasts como o Leitura de Ouvido e o Conto um Conto. Foi neste último que ouvi um clássico que até então só conhecia de nome, “O homem de areia”, de E. T. A. Hoffmann. Recomendo muitíssimo se você gosta de suspense e terror psicológicos.
Outro destaque foi “As neves do Kilimanjaro”, de Ernest Hemingway. Este, eu li na edição da Bertrand Brasil. O filme que nele se baseou também é ótimo e está disponível no YouTube.
A ordem dos livros de que mais gostei é cronológica (pela data de leitura), portanto não há um ranking.
Eu adoraria resenhar a obra responsável pelo meu retorno à leitura de poesia. Entretanto, para além de ter marcado essa volta com um comentário sobre a coletânea do Raymond Carver, eu nem sei por onde começar a resenhar poesia…
O que sei é que há poemas que nos tocam por motivos mais ou menos conscientes. “Quatro quartetos” me tocou muito e por isso está nesta lista. Tecnicamente, ele foi lido no final do primeiro semestre de 2024, mas ronda a minha cabeça até hoje e por isso eu quis destacá-lo aqui.
À esquerda, a edição antiga que li. Ela contém também “Crime na catedral” (tradutor não mencionado). À direita, a edição mais recente dos poemas de Eliot. Esta é da Cia. das Letras e foi traduzida por Caetano Galindo.
Se você, como esta que vos escreve, foi criança nos anos 80 e 90, provavelmente se lembra do trio A-ha e do hit “Take on me”. Se é mais jovem, é possível que tenha entrado em contato com a banda no TikTok, já que lá cringe never dies.
O que imagino que muita gente não saiba é que Morten Harket, o vocalista do A-ha, tem uma autobiografia em parceria com o autor Tom Bromley. Creio ser um fato pouco conhecido, pois encontrei o livro numa pilha promocional na finada livraria Saraiva há alguns anos. Guardei o dito cujo e há alguns meses, ao decidir quais livros tiraria da estante para doação, folheei esse e fui capturada logo na primeira página. Morten inicia seu relato com a passagem da banda norueguesa pelo Rock in Rio em 1991, época em que o nome do festival fazia sentido, veja só.
(Foto: Estante Virtual)
Ao avançar na leitura, constatei que a biografia é um bom chamariz para o público brasileiro (assim como a vinda da banda para o festival numa época em que ela já não fazia mais tanto sucesso na gringa). Ela não é uma obra-prima da literatura universal, mas um livro competente em mostrar a trajetória do trio, revelar fatos curiosos sobre Morten (o que mais gostei foi o lado ambientalista dele) e contar um pouco das tretas entre os integrantes. Tudo de maneira fluida e gostosa de ler.
Enquanto lia, ouvia os álbuns antigos do A-ha nos serviços de streaming da vida e gostei de descobrir que muito da produção da banda, em especial o álbum Scoundrel days, sobrevive muito bem até hoje ‒‒ pelo menos aos meus ouvidos de leiga em questões musicais.
E a cereja do bolo: o livro veio com um pôster cheio de fotos dos moços nórdicos. Como não amar uma cafonice dessas?
“Eu elemental”, de Daniel Brás, é outro livro do qual, por motivos de deslumbramento, não pude falar aqui. O máximo que consegui, na época da leitura, foi um post no Instagram para documentar o momento.
Essa graphic novel mostra o protagonista numa jornada de autoconhecimento que se dá por meio da conexão com os quatro elementos. O percurso pode ser considerado uma viagem onírica ou uma metáfora para essa balbúrdia que convencionamos chamar de vida.
Se achou viajado, é isso mesmo. “Eu elemental” tem muito de psicanalítico e filosófico. Um livraço para quem, como eu, curte elucubrar sobre os sentidos das experiências humanas.
Se você não liga para tanta profundidade, pode apenas se maravilhar com as belas ilustrações de Daniel.
Minhas outras leituras amadas do segundo semestre de 2024 já têm resenha ou ao menos um breve comentário por aqui. Se perdeu alguma, aproveite para se atualizar agora:
“Voragem”: Livrão da po**a, do tipo que é difícil parar de ler.
“O mundo assombrado pelos demônios”: um livro sobre ciência e, acima de tudo, sobre ser curioso e questionador.
“The keep” / “O torreão”: O romance que a cada página me lembrou do prazer intenso que uma leitura pode proporcionar.
“O céu para os bastardos”: Um romance literariamente impecável e ainda assim fiel à realidade periférica e suas narrativas negligenciadas pela galera da grana.
“As águas-vivas não sabem de si”: Uma viagem extraordinária às profundezas oceânicas e às humanas.
“A teta racional”: Uma releitura que me lembrou a potência das histórias bem escritas.
Como pode-se constatar aqui e aqui, eu sou incapaz de fazer uma lista com apenas 10 títulos, como manda a etiqueta catalográfica. Mas…
(Imagem de tenor.com)
Sou muito grata a você, leitor, por ter me acompanhado em 2024. Que em 2025 possamos ler, viver e compartilhar novas boas histórias.
P.S.: Se perdeu a lista dos melhores do primeiro semestre de 2024 e uma de suas manias for fazer tudo certinho nos mínimos detalhes, vem conferir.
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